O Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave) completa 116 anos neste dia 7 de janeiro com uma pauta clara para 2023. São dois grandes desafios encarados pelos armadores, explicou o diretor-executivo da entidade, Claudio Loureiro: melhorias das infraestruturas portuárias para recepção de navios com capacidade acima de 12 mil TEUs e cumprimento das metas estabelecidas pela IMO 2023 para redução da pegada de carbono no transporte marítimo. O Centronave reúne 19 associados, empresas de grande porte que atuam na navegação de longo curso, e projeta um ano de muitos debates junto às entidades reguladoras para evitar retenção de capacidade operacional e consequente aumento dos fretes marítimos.
Em relação à infraestrutura portuária, os pontos nevrálgicos destacados por Loureiro são a instalação de berços maiores e as profundidades dos canais de acessos, “notamente do Porto de Santos”, no litoral paulista. “Esse ano e no próximo receberemos 5 milhões de TEUs em novos navios, se somadas as escalas e as capacidades dessas modernas embarcações. O menor desses navios transporta 12 mil TEUs e hoje o máximo que podemos operar com segurança em Santos é 10 mil TEUs”, avaliou.
Caso esses navios modernos de maior porte escalem os portos brasileiros sem a infraestrutura adequada, precisarão ser operados em capacidade menor do que oferecem, afetando a produtividade e a economia de escala de modo geral. “A situação do canal de acesso ao Porto de Santos é dramática. Precisamos de uma dragagem de manutenção eficiente, pois o canal registra pelo menos 1 metro de assoreamento por ano. E precisamos ainda alcançar maiores profundidades”. O diretor-executivo do Centronave também citou a licitação de novos terminais portuários e a agilidade de expansão nas instalações existentes como medidas necessárias para manter a competitividade das operações no Brasil.
Já as emendas ao Anexo VI da MARPOL, Convenção Internacional voltada para a prevenção da poluição causada por navios, são consideradas “muito rígidas” pelos armadores. As metas adotadas pela IMO 2023 buscam encorajar a melhoria da eficiência das embarcações e a adoção de combustíveis com baixa emissão de carbono para reduzir as emissões poluentes pelo universo do transporte marítimo mundial. “Reanalisar os prazos é fundamental”, observou Loureiro.
Desde 1º de janeiro deste ano é obrigatório aos armadores calcular o Índice de Eficiência Energética Existente de seus navios e realizar a coleta de dados para produção de relatório relativo à intensidade de carbono emitido. “Os armadores já têm metas de descarbonização muito audaciosas. Casos os prazos não sejam revistos, podemos cair em problemas semelhantes aos que vivemos durante a pandemia de Covid-19, com retenção de capacidade na movimentação de cargas”.