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Discurso de fundação do Instituto Social Brasil Export

por Fabíola Souza, Presidente do Instituto

Santos, 6 de junho de 2023

Eu poderia perfeitamente dizer que estou aqui como uma empresária. Alguém que sempre buscou um propósito potente na carreira e, com a idealização deste Instituto Social, sente-se agora realizada. Mas, não. Hoje, essencialmente, estou aqui no papel de mãe. A maternidade me deu o propósito que me traz até aqui hoje. A maternidade atípica, por sua vez, me abriu um universo de novos propósitos. Muitos deles para os quais eu nem imaginava que estava preparada. Hoje eu tenho o propósito que sempre pedi, à maneira perfeita de Deus.

Entrei em um mundo de grandes mulheres em que encontrei inspiração e, mais do que isso, admiração. Mulheres essas engajadas em seus trabalhos 24 horas por dia, algo que nunca tinha visto nem no profissional mais workaholic com quem já cruzei ou no gestor de mais alto nível que passou pelo meu caminho. A essas mães, deixo meu reconhecimento e agradecimento pelo caminho que abrimos e abriremos juntas, mesmo que na porrada.

Não falo somente da carga e jornada de trabalho que enfrentamos, principalmente ao considerarmos finais de semana, feriados, noites e dias dormir e sem descanso. Falo da excelência da entrega e, principalmente, da persistência em continuar. Diferentemente de um trabalho convencional, o nosso trabalho de mãe atípica não só não é remunerado, e tampouco valorizado, mas também exige potencialidades braçais, intelectuais, emocionais e de periculosidade. Muitas vezes os nossos objetivos, mesmo considerando todo o esforço e excelência do nosso trabalho, não serão atingidos. Mas temos que continuar persistindo apesar dos tombos serem em maior quantidade do que as vitórias.

Isso me fez repensar muito noções de idealização. Você deixa de idealizar um filho dentro dos padrões e passa a idealizar um mundo que aceite os padrões do seu filho, que aceite todos os padrões escolhidos por Deus. E isso faz muito mais sentido!

Na minha concepção atual, nenhum jovem deveria ser obrigado a seguir uma cartilha de sucesso e felicidade tão comumente imposto às nossas crianças. Uma cartilha padronizada há décadas e, como podemos ver diariamente no noticiário, que não vem dando certo. O mundo mudou, e nós temos que seguir sua direção para não apenas evoluirmos e sermos pessoas melhores, mas para contribuir para que o mundo continue avançando e sendo cada vez melhor para os nossos filhos.

Cada ser humano é único e especial e todos temos como contribuir, sem exceção. Para isso, precisamos de agentes capacitados que possam identificar qual é a função que cada pessoa tem para contribuir com nossa sociedade, para auxiliar o outro que precisa da nossa ajuda, para compreender e aceitar humildemente que não existe o certo e o errado, o melhor e o pior. Todos estamos aqui com o mesmo objetivo, amar e evoluir.

Vivemos há tempos no auge da depressão e do egocentrismo. A noção de amor, como Deus nos ensinou em seu primeiro mandamento, está completamente deturpada. Aqui na nossa realidade, de acordo com IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho ainda é um obstáculo. Apenas 28,3% dos que possuem idade de trabalhar se posicionam na força de trabalho em território nacional. Para ser mais transparente quanto à situação atual, menos de 1% do total dos empregos formais no Brasil são ocupados por pessoas com deficiência (PCDs). A desigualdade também transparece no nível de escolaridade. Quase 68% da população com deficiência não tem instrução ou não possui o ensino fundamental completo.

Apenas receber e aceitar nossas crianças em suas escolas não pode ser, em hipótese alguma, uma atitude considerada de inclusão em uma escola. É uma obrigação no mundo que queremos construir. Inclusão é oportunizar as mesmas condições adaptadas às necessidades e individualidades de cada um.

Mas eu tenho esperança. Também vejo nosso cenário atual com otimismo e potencial para avançarmos em busca de nossos objetivos por inclusão. O Brasil foi o país latino-americano que mais buscou o termo ESG no Google em 2021, demonstrando que o setor privado brasileiro está mais atento sobre o seu papel essencial para o desenvolvimento consciente e sustentável da sociedade.

O meu filho João Vitor, justamente hoje, completa 5 anos. E ele me trouxe mais do que eu poderia imaginar que teria um dia na minha vida. Mais tudo. Mais significado, mais entendimento da vida, mais amor ao próximo, mais empatia, mais responsabilidade, mais paciência, mais consciência, mais consistência, mais propósito, mais noção do que importa… O curioso é que não consigo me lembrar de nada que ele tenha me proporcionado de menos. Tudo bem, me tornei menos magra e muito menos jovem, mas isso também já não tem a mesma importância de antes.

Hoje, ele é meu maior desafio. No trabalho a gente demite quem não atinge nossas expectativas iniciais, enquanto nos relacionamentos muitas vezes abandonamos nossos parceiros quando eles não suprem nossos anseios e interesses do momento. Nas amizades, muitas são descartadas por não mais caber em nossas vidas. E muitas são construídas por conveniência, sem valor intrínseco ao amor que pressupomos aos nos conectarmos com alguém. Aqui, quero deixar muito claro a todos vocês, não existe a palavra desistir. Não existe em minha casa e não haverá nesse Instituto. Por isso que grande parte das ações sociais partem de famílias, que somente depois de sentir na pele a dor da exclusão arregaçam as mangas, deixam o luto e vão à luta.

Nunca conseguirei devolver ao meu filho toda a mudança positiva que ele fez em mim. Por mais que eu precise cuidar dele minha vida inteira. Mas é aí que reside a uma questão fundamental. Não estarei para sempre aqui, e o mundo precisa estar preparado para recebê-lo e incluí-lo. Por isso, planto a semente deste Instituto para ele. Para que um dia ele colha os frutos do amor ao próximo e não carregue o fardo de, assim como outros neurodivergentes, serem invisíveis.

Para que consigamos fazer essa semente crescer com excelência, nós, do Instituto Social Brasil Export, pretendemos atuar em duas vertentes:

  1. Formação das crianças e capacitação de adolescentes (respeitando as limitações e, principalmente, as potencialidades de cada um);
  2. Preparação da sociedade e do mundo corporativo para receber essas pessoas já na condição de adultas, sem caridade ou assistencialismo, mas enxergando esses indivíduos como parte produtiva do mercado de trabalho. Nosso intuito é fazer com que dentro de uma empresa eles possam ajudar na criação e no desenvolvimento de produção, colaborando na construção de laços e valores importantes para essas instituições.

E é com base nisso que surge nossa missão de unir essas três pontas: a família, o terceiro setor e as empresas. Isso é imprescindível para que possamos construir um ecossistema do bem e consigamos reverter o quanto pudermos essa realidade separatista e cruel que vivemos.

Não queremos que engulam nossos filhos à força, esse não é nosso objetivo. Queremos que tenham o direito de serem preparados, formados, incluídos enquanto crianças e adolescentes, para que estejam aptos para o mercado de trabalho. Precisamos sustentar projetos de formação de equipes nas escolas, em centros comunitários e clínicas públicas, de modo que o tratamento e a educação também não sejam somente um assistencialismo fajuto para cumprirem obrigações com a lei. Se pensarmos bem, este ainda é um ponto-cego em nossas lutas diárias. Você tem até uma terapeuta ou acompanhante escolar, mas essa não tem formação ou conhecimento suficiente para trabalhar as potencialidades e dificuldades de nossas crianças.

E a mesma coisa vale para as empresas. Não podemos jogar nossos jovens no mercado de trabalho sem construir uma relação de parceria, acompanhamento e consultoria nessas companhias.

Poderemos lutar pela lei das cotas, afinal a cota tem sua importância na sociedade atual, mas não é ela que resolverá o problema. A cota não trata a ferida, só mascara a dor e, por isso, não tem sustentabilidade e nem viabiliza os impactos positivos que almejamos.

Não seremos um instituto de caridade. Seremos agentes de transformação da sociedade. Além de agregar valor às marcas e empresas, somos responsáveis por deixar uma marca positiva no mundo em que vivemos.

Nosso objetivo, falando na “linguagem do Brasil Export”, é atuar como uma ponte, uma estrada, um túnel, uma rodovia ou uma ferrovia, um elo, afinal, que nos permita a conexão com o setor de logística e de infraestrutura que nos rodeia. Setor esse que transforma vidas, que gera riquezas, que sustenta nosso País. E vamos fazer isso com causas que, comprovadamente, contribuam para a construção de uma sociedade mais justa e humana.

Meu muito obrigada a todos e todas. Deixo aqui o convite para que possam participar de alguma forma como agentes dessa transformação do futuro que começamos a construir juntos hoje.

Apresentação do Instituto Social

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