Quando a equipe do BE News sugeriu à direção do Porto de Cabedelo escrever sobre um profissional de destaque da Autoridade Portuária para esta edição especial, um nome foi imediatamente indicado, sem pestanejar. Ele trabalha há 44 anos no Porto, metade dos 88 celebrados por Cabedelo neste dia 23 de janeiro. Atualmente no cargo de assistente administativo operacional, Lúcio Roberto de Miranda Nunes, de 77 anos, começou a trabalhar na atividade como operador de empilhadeira e desde então exerceu diferentes funções como guindasteiro, controlador de carga, encarregado e gerente de operações portuárias. Mas o seu envolvimento com o porto é anterior a esse período. “Convivo com o Porto desde 1955. Meu pai tinha caminhões e realizava embarque e desembarque de cargas. Faz parte de toda uma história de vida”, conta com orgulho.
A família de Lúcio também é eminentemente portuária. A esposa trabalhou na Autoridade Portuária por 32 anos, aposentando-se em 1995. Um tio e um primo são ligados à praticagem. Com raízes fincadas no Porto, tem visão ampla sobre o desenvolvimento das operações e da relação entre o Porto e as cidades no entorno. “A evolução em todos esses anos foi muito grande. Quando comecei, exportávamos muito algodão e havia muitos trabalhadores envolvidos na operações. Os sindicatos escalavam muitos, muitos homens”, lembra.
“A instalação do Porto fez com que se criasse uma comunidade de moradores ao redor. Isso aos poucos foi sufocando a atividade portuária. Como a maior parte das operações eram de graneis sólidos, houve um período de conflitos com a população, especialmente devido à poeira gerada e ao trânsito de caminhões”. Antes da criação do Porto, Cabedelo ganhou e perdeu autonomia pr diversas vezes, tendo sido classificado como povoado, vila e distrito de João Pessoa. Tornou-se definitivamente município posteriormente ao início das operações portuárias, em 12 de dezembro de 1956, e hoje já está conurbado com a capital paraibana.
Lúcio Roberto é aposentado desde 1999, mas desde então continua trabalhando em cargo comissionado. Veterano na companhia, está atualizado quanto aos desafios futuros do complexo portuário. Além de garantir maior produtividade às operações, a dragagem de aprofundamento do canal de acesso em curso irá causar novos desafios para a administração. “Com o canal de acesso passando de 9,14 para 11 metros, o limite de 35 mil toneladas por navio passará para 55 mil toneladas. Mais caminhões serão necessários para a movimentação dessas cargas. Não poderemos ter gargalos no acesso ao Porto e isso exigirá sintonia dos governos municipal e estadual”, avalia.
Tendo sido empregado direto da Portobrás, da Companhia Docas e de empresa terceirizada, fala de modo contundente sobre a necessidade de atualização dos trabalhadores. Apesar de falar com carinho das pessoas com quem trabalhu no início de sua jornada junto ao Porto, não deixa o saudosismo dar o tom de seu dia a dia. Parar definitivamente não está em seu horizonte. “O que mais me deixa satisfeito é a amizade com os colegas de trabalho. Gosto muito do que faço e do ambiente portuário”, finaliza.