por Bruno Merlin
Os ministérios do Turismo e de Portos e Aeroportos, parlamentares e companhias aéreas estão agindo em conjunto com o objetivo de reduzir a judicialização e, assim, abrir caminhos para a criação de novas rotas e frequências de transporte aéreo no Brasil, em especial em regiões com menor cobertura de voos, como o Norte e o Centro-Oeste. Um passo na construção de uma malha aérea mais robusta foi dado nesta quarta-feira, 10 de abril, quando a Azul anunciou uma nova ligação entre Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC), além do aumento da frequência com o Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte (MG). Outra ação anunciada pela empresa foi o aumento de assentos na rota entre a capital de Rondônia e Ji-Paraná, com a troca do uso de pequenas aeronaves com até 10 assentos pelo Embraer E1, com capacidade de receber 118 clientes.
A aviação comercial brasileira enfrenta um desafio peculiar, concentrando 98,5% das ações judiciais em todo o mundo. A redução da oferta de aeronaves pós-pandemia e o alto valor do combustível (querosene) também fazem parte de uma composição que impede o crescimento da quantidade de passageiros e fragiliza a estrutura do setor. O ministro de Porto e Aeroportos, Silvio Costa Filho, reconhece o cenário desafiador, mas ressaltou os esforços empenhados pelo Governo Federal para reverter esta situação. “Voos como estes [em Rondônia] serão fundamentais para ligar a região Norte e o restante do País. O Governo assumiu o compromisso de ampliar a malha aérea na região e temos trabalhados novos destinos”. Para além do turismo, o ministro também citou a força das viagens de negócio e do setor de serviços em Rondônia e nos estados vizinhos, além da influência das cargas movimentadas pelo Porto de Porto Velho. “O primeiro passo foi dado com este anúncio. Estamos em contato com outras companhias aéreas para superar a descontinuidade de muitas rotas”.
Presente ao anúncio em Brasilia, o vice-presidente Institucional da Azul, Fabio Campos, reconheceu as dificuldades para aumentar as frequências de voos e lamentou o grande volume de ações judiciais que envolvem o segmento. “São mais de 100 voos e 16 mil pessoas envolvidas por dia. Quando a Azul ou qualquer outra companhia erra, tem que ser responsabilizada, mas os números de ações estão muito acima do razoável. Como tínhamos prometido à bancada de Rondônia, assim que a gente observasse colaboração de todas as partes voltaríamos a ter novos voos. E neste caso é um voo diurno, beneficiando toda a sociedade local”.
Campos enfatizou que a companhia já vinha trabalhando para retomar as frequências, sempre com o compromisso de oferecer apoio a seus clientes. “Temos feito esforços, inclusive em parceria com instituições governamentais, no sentido de orientar os clientes a procurarem primeiramente os canais de atendimento da companhia para resolverem suas demandas. Além disso, o setor tem uma forte regulamentação da ANAC, que é seguida à risca pela Azul”.
O senador Marcos Rogério (PL-RO) comemorou os anúncios e disse estar otimista com a construção do novo Aeroporto de Ariquemes, município localizado a 200 quilômetros de Porto Velho. O ministro Silvio Costa Filho já garantiu a destinação de recursos para as obras, estimadas em R$ 50 milhões, valor que será repassado por meio de emenda parlamentar do deputado federal Thiago Flores (MDB-RO). Nascido na cidade de Ji-Paraná, o parlamentar pediu que as autoridades trabalhem pela melhoria da mobilidade nas regiões mais afastadas da capital Porto Velho, mas que são estratégicas para o desenvolvimento do estado.
